*LUNAR
Filtrava-se na noite tão mágica
o deslumbramento intenso do mergulho
profundo no fascínio da pérola celeste
perfeita, intocável, intocada, diáfana
em matizes de luz serena, luzeiro, guia,
sortilégio dos deuses, antiga magia,
ancestrais mistérios, inflexos, reflexos,
inquietudes, inexplicáveis feitiços...
E na noite solitária quantos contrastes
se derramavam pelas sombras salgadas
em marés de lágrimas pesadas e lentas,
numa recordação doce, onírica e lunar...
Desnudava-se a noite num arrepio
de arvoredos, por onde escorriam
lampejos, em jogos de eternas sombras
envoltas numa luz em desmaios...
Os sabores de brisa no calor dos beijos,
sedentos de entregas, recortavam-se
no desejo antigo.
A fome do olhar escorria em carícias cruas.
O céu abraçava os sonhos numa irrealidade
de velhos mistérios.
Os destinos cruzavam rastos de estrelas
em rotas cadentes por mundos
que riscavam longes.
Rompiam-se em rasgos as almas amantes,
declinavam nostalgias, luzes, fugas e vazios.
As estelares dimensões dos mundos
paralelos desdobravam-se em oceanos
infinitos de estrelas, em lunares fantasias
e poemas delirantes.
Arakné
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