O Mito de Arakné (antiga lenda grega)


Entre os deuses que habitavam no Olimpo reinava Atena, deusa da Sabedoria e de todas as Artes... A bela Arakné era uma extraordinária bordadeira, cujos trabalhos maravilhosos eram admirados por todos os que os contemplavam:

- Que mãos preciosas tem!... que harmonia de cores!... que obras de arte!...

Tais elogios envaideceram tanto Arakné, que um dia exclamou:

- Se eu desafiasse a deusa Atena tenho a certeza de que ganharia!

Logo as ninfas do bosque correram a contar as suas palavras à deusa que, enfurecida pela afronta, logo aceitou o desafio... No dia marcado, Atena executou o seu bordado com muita arte e empenho mas, quando terminou, percebeu que a obra de Arakné era realmente muito mais bela que a sua... Enraivecida, rasgou o bordado da sua rival em mil pedaços e, em seguida, transformou-a numa aranha para todo o sempre...

(Lenda Mitológica Grega)


domingo, 13 de abril de 2025

*Paradoxos...

Perdemo-nos de nós próprios numa busca 

permanente de nexos lógicos ou causalidades, 

em cada momento e nos tantos acasos que nos surpreendem 

pelos caminhos árduos que percorremos.


Por aí, deambulamos absortos ou atentos,

sempre feridos pelos ritmos e devaneios que, 

em solitudes, percebemos nos recantos desencontrados

dos pensamentos fortuitos ou nas permanentes

construções voláteis que nos comprazemos 

em destruir ou acarinhar.


Tão perene é essa eterna efemeridade, contrita, 

dentro de nós. Em paradoxos!... Aí satisfazemos, 

em tragos sedentos, esta nossa sede tão constante

de infinitos e ilimites.


Uma certa mágoa, persistente e ténue, que nos constrange 

e, por vezes, nos interpela em picos de crueza e lucidez, 

sangrando-nos num rio doloroso e breve. 

Insuportável crueza!... Com ela ou por ela, avançamos 

pelos atalhos que nos apresentam essa imensa incógnita

que são os mundos paralelos que nos cercam.


Numa luta emparedada e impossível, que nos limita

e derrota, outros seres riem, mudos ou sarcásticos.

Desconhecemos, quase inteiramente, esses universos

estranhos, ainda que nos pareçam muito próximos.


Assim, a vida simula um imenso lago salgado,

como um oceano efervescente em que mergulhamos,

certos de um único destino previsível e da sua imprevisibilidade 

temporal, mas certeira. E, nas margens, vislumbramos

o descanso e o vazio plenos do regresso a casa:


O vazio do tempo e do espaço;

A aniquilação do ser feito de fragmentos e limites; 

A absoluta paz da incorporação num todo, tão quieto,

tão perfeito, tão eterno, que tanto buscámos, famintos.

Arakné



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