O Mito de Arakné (antiga lenda grega)


Entre os deuses que habitavam no Olimpo reinava Atena, deusa da Sabedoria e de todas as Artes... A bela Arakné era uma extraordinária bordadeira, cujos trabalhos maravilhosos eram admirados por todos os que os contemplavam:

- Que mãos preciosas tem!... que harmonia de cores!... que obras de arte!...

Tais elogios envaideceram tanto Arakné, que um dia exclamou:

- Se eu desafiasse a deusa Atena tenho a certeza de que ganharia!

Logo as ninfas do bosque correram a contar as suas palavras à deusa que, enfurecida pela afronta, logo aceitou o desafio... No dia marcado, Atena executou o seu bordado com muita arte e empenho mas, quando terminou, percebeu que a obra de Arakné era realmente muito mais bela que a sua... Enraivecida, rasgou o bordado da sua rival em mil pedaços e, em seguida, transformou-a numa aranha para todo o sempre...

(Lenda Mitológica Grega)


domingo, 13 de maio de 2018


Construo-me de imagens
criadas e retocadas a esmo
no cinzel dos dias, 
no tom das horas calmas,
nos minutos agitados
gritantes,
na fúria dos instantes
salgados,
no orgasmo dos momentos
insanos e caóticos..............

E serei sempre

o algo que se reserva 
da sucessão indefinida 
e improvável,
o desencontro que se encontra
interminável
como o deserto que se reproduz
em areias de grãos imensos
descontruídos ao sabor
de leves brisas...................

A tempestade fustiga-me sempre

por hábito antigo
entre furiosa e branda
e renasce-me nos subterrâneos
por onde se esvai e de onde ressurge,
então banho-me nos salpicos
refrescantes, ansiosa e feliz, 
acalmando esta sede,
revendo as idas turbulências 
ao sol e nas sombras do ocaso............

Sempre pressinto algo que sonhei,

como um vício insatisfeito
e constante que me descreve
perfeito,
sempre observo a ingenuidade
que se crê senhora dos caminhos
e neles sempre cai,
sempre tropeço no pecado insatisfeito
da ilusão descoberta,
naquele mesmo pedaço açucarado 
que me amarga a boca
com o travo rude
do nada saber.............

Sempre que beijei fundi

a minha pele e os meus sentidos,
esfreguei-me ardente
na paixão
dos poros outros
em que quis filtrar-me,
sonhei infiltrar-me insidiosa
até à essência
que pressentia inatingível,
por mim por ser pequena,
por ela por ser distante,
tão longínqua
que me perdia..........

Amar, viver, crer, não querer,

sempre correr
um meio caminho este,
de paixões, arranhões, feridas
choradas no secreto,
gozadas aí também,
recusei as óbvias veredas,
os percursos calmos,
ficou-me por amar a solidão
das multidões,
agreste foi sempre este confronto
inédito e cruel com o verbo,
no monólogo
contínuo que desde imemórias
travo comigo............

Passaram céleres

décadas, 
restaram destroços, 
entulhos, instantes, amores
todos em pedaços inteiros 
e perenes,
que se moldaram e acomodaram
na estatura informe, 
nesta massa difusa
que me contém e se desentende 
do mundo caótico,
dos infinitos universos distantes,
estranhos, remotos.
que persisto em amar,
teimosa.............
Arakné

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