O Mito de Arakné (antiga lenda grega)


Entre os deuses que habitavam no Olimpo reinava Atena, deusa da Sabedoria e de todas as Artes... A bela Arakné era uma extraordinária bordadeira, cujos trabalhos maravilhosos eram admirados por todos os que os contemplavam:

- Que mãos preciosas tem!... que harmonia de cores!... que obras de arte!...

Tais elogios envaideceram tanto Arakné, que um dia exclamou:

- Se eu desafiasse a deusa Atena tenho a certeza de que ganharia!

Logo as ninfas do bosque correram a contar as suas palavras à deusa que, enfurecida pela afronta, logo aceitou o desafio... No dia marcado, Atena executou o seu bordado com muita arte e empenho mas, quando terminou, percebeu que a obra de Arakné era realmente muito mais bela que a sua... Enraivecida, rasgou o bordado da sua rival em mil pedaços e, em seguida, transformou-a numa aranha para todo o sempre...

(Lenda Mitológica Grega)


domingo, 13 de outubro de 2024

UM PASSADO SEMPRE IMPERFEITO

No íntimo e mais profundo sentir,
cada ser ciente de si mesmo, 
SEMPRE se supõe perene e eterno, 
mas, SEMPRE, se desintegra em emoções,
que se redesenham em crenças vitais 
ou se alienam em incertezas, que se avassalam
nas horas de solidão e que, SEMPRE,
precedem fugas...

Uma SEMPRE desatendida música, 
inaudível aos ouvidos, SEMPRE desatentos,
recortada em sonatas e harmonias,
repescadas de ritmos renascidos 
das memórias, SEMPRE gastas, por usos e abusos...

Aí, se escondem os descompassos
vincados no ser, SEMPRE constantes e únicos. 
Adivinham-se, propagam-se, morrem 
e renascem, SEMPRE entre ermos, desertos
ou abismos profundos...

As  almas perdidas de si mesmas, 
em desespero e solidão, 
buscam-se em respostas SEMPRE adiadas,
ignoradas, subliminares e destemperadas, 
que se replicam em insondáveis e mortais
vazios, SEMPRE demasiado inquietos...

E nos Jardins do Paraíso existem, sim,
Edéns profundos, SEMPRE discretos e secretos, 
numa demanda por vias intermináveis, só suas,
por entre caminhos floridos ou agrestes, 
na descoberta dos frutos, SEMPRE proibidos, 
mas, às vezes, oferecidos, das árvores
do conhecimento do Mal ou do Bem desconhecido,
ambas SEMPRE inevitáveis...

Essas mesmas árvores que, 
ora nos expulsam dos paraísos com ofídeos,
SEMPRE enganadores, ora nos revelam
um divino conforto, SEMPRE perfeito,
na nossa imperfeição inelutável e eterna, 
oscilando, SEMPRE, entre aquilo que mais tememos 
e aquilo que mais amamos...

Arakné 



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