O Mito de Arakné (antiga lenda grega)


Entre os deuses que habitavam no Olimpo reinava Atena, deusa da Sabedoria e de todas as Artes... A bela Arakné era uma extraordinária bordadeira, cujos trabalhos maravilhosos eram admirados por todos os que os contemplavam:

- Que mãos preciosas tem!... que harmonia de cores!... que obras de arte!...

Tais elogios envaideceram tanto Arakné, que um dia exclamou:

- Se eu desafiasse a deusa Atena tenho a certeza de que ganharia!

Logo as ninfas do bosque correram a contar as suas palavras à deusa que, enfurecida pela afronta, logo aceitou o desafio... No dia marcado, Atena executou o seu bordado com muita arte e empenho mas, quando terminou, percebeu que a obra de Arakné era realmente muito mais bela que a sua... Enraivecida, rasgou o bordado da sua rival em mil pedaços e, em seguida, transformou-a numa aranha para todo o sempre...

(Lenda Mitológica Grega)


quinta-feira, 26 de setembro de 2024

*ANOITECIDA...

Algures, na noite, pressentem-se ruídos misteriosos.

As árvores murmuram. Aves nocturnas esvoaçam

em busca de alimento. Num restolhar de vegetação, 

algum pequeno animal abriga-se na sua toca segura...


Sento-me no banco escurecido, por entre os arbustos,

os olhos semicerrados para escutar melhor 

os pensamentos e uma estranha melodia íntima, 

que me acompanha desde sempre, indecifrável...


Neste momento de diálogo interno,

misturo-me e dissolvo-me no leve aroma

da frescura da noite. Vagueio solitária 

pelos meandros dos meus pensamentos...


Como ave em fuga de uma armadilha, relembro 

segredos há muito esquecidos, restos de sonhos, 

construções imaginárias, velharias guardadas

no sótão empoeirado das minhas memórias...


Entre mim e eu própria, um diálogo constante,

vindo de uma imemorial necessidade de entender,

de um certo sofrimento que se esbate levemente 

no desfilar dos dias, mas que se reacende 

em instantes solitários...


E uma estranha forma de prazer... 

Poderão mágoas ocultas travestir-se num prazer secreto, 

que nada tem de mórbido, mas que se anuncia 

numa lucidez cortante, mas também benévola,

que me conduz?


Mergulho num oceano de fantasias, construções a esmo,

lógicas enfermas ou ilógicas estranhezas... E rio-me 

deste íntimo debate, cheio de viciosos traçados, 

inventados por um alter ego, que desenho nas páginas

de um livro secreto e logo recorto em pedaços adormecidos, 

que afogo no rio tumultuoso das emoções implacáveis 

que me definem, secretas...

Arakné 



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