Desafia-me o caminho estreito da charneca,
apela-me a um descanso maduro o tronco seco,
Convoca-me à poesia o céu matizado de cinza,
como um oceano de pequenas nuvens dispersas,
O horizonte infiltra-me na alma e no corpo
uma preguiça insipiente de emoções,
uma calma serenidade que se acomoda à vida.
um enigma de final incerto, um desafio por desvendar?
Assim se passam vidas, décadas à desfilada.
Existem finais felizes na vida de cada um
ou, apenas, acasos solitários,
Amores imediatos, lutas sem tréguas,
espectáculos representados em palcos,
personagens, cenas e actos que, algum dia,
pareceram eternos, mas feneceram, num epílogo
de cansaço vivo, numa mortalha idealizada
Aí, nesse cofre, se ocultava a tão preciosa jóia,
do melhor quilate, aquela mesma que um dia prometemos
Em tempo de perigo, de caminhos desintegrados,
Ansiamos sempre por algo, que sempre se liquefaz
num misto de ausência dos outros e de nós também.
Tão sós chegamos, quão sós partimos,
para longe de nós mesmos,
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