O Mito de Arakné (antiga lenda grega)


Entre os deuses que habitavam no Olimpo reinava Atena, deusa da Sabedoria e de todas as Artes... A bela Arakné era uma extraordinária bordadeira, cujos trabalhos maravilhosos eram admirados por todos os que os contemplavam:

- Que mãos preciosas tem!... que harmonia de cores!... que obras de arte!...

Tais elogios envaideceram tanto Arakné, que um dia exclamou:

- Se eu desafiasse a deusa Atena tenho a certeza de que ganharia!

Logo as ninfas do bosque correram a contar as suas palavras à deusa que, enfurecida pela afronta, logo aceitou o desafio... No dia marcado, Atena executou o seu bordado com muita arte e empenho mas, quando terminou, percebeu que a obra de Arakné era realmente muito mais bela que a sua... Enraivecida, rasgou o bordado da sua rival em mil pedaços e, em seguida, transformou-a numa aranha para todo o sempre...

(Lenda Mitológica Grega)


terça-feira, 1 de agosto de 2023


*Pela calada da noite

regressam os farrapos
desgarrados e inertes
daquilo que são vãs memórias
soltas, tão vivas agora,
quanto, antes, mortas,
da vida dispersa
pelas bermas dos caminhos
em tapetes verdejantes,
entre vales e colinas...

Os raios de sol
em reflexos e rendas, 
os dias húmidos 
no brilho das gotículas
de orvalho, como lágrimas
misturadas com risos
e promessas,
o passo prudente que evita,
atentamente, as pedras
roladas ou soltas...

Tanto mar, tanta terra, 
tanto céu, tantas luas
derramadas por vias lácteas
tomadas como atalhos
e becos, rumos ínvios, 
perdidos e confusos,
orientada por uma bússola
sem norte, apenas com sorte...

Vida plena, sem plano de voo,
amada, amante de taça cheia,
no brilho do sol nascente
percorrendo manhãs serenas,
e no esbatido tom do poente
respirando tardes amenas.
Amores perfeitos e toda a doçura
do céu em fogo, que se extingue,
mas sempre retorna, fiel!

De amores vivi, num sopro,
a fé da entrega desmedida,
de querer um querer sem caminho,
uma vista de infinito, 
um profundo e breve suspiro,
um olhar aflito, um mistério...

Restou-me assim só amar,
sem termo, sem objeto, 
sem dor, talvez mesmo sem amor,
numa finitude que o não contém,
apenas o revela com desdém,
tal como o torpor das vagas soltas,
que vêm eternamente beijar a areia
e, logo, morrem na praia...

Arakné

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