O Mito de Arakné (antiga lenda grega)


Entre os deuses que habitavam no Olimpo reinava Atena, deusa da Sabedoria e de todas as Artes... A bela Arakné era uma extraordinária bordadeira, cujos trabalhos maravilhosos eram admirados por todos os que os contemplavam:

- Que mãos preciosas tem!... que harmonia de cores!... que obras de arte!...

Tais elogios envaideceram tanto Arakné, que um dia exclamou:

- Se eu desafiasse a deusa Atena tenho a certeza de que ganharia!

Logo as ninfas do bosque correram a contar as suas palavras à deusa que, enfurecida pela afronta, logo aceitou o desafio... No dia marcado, Atena executou o seu bordado com muita arte e empenho mas, quando terminou, percebeu que a obra de Arakné era realmente muito mais bela que a sua... Enraivecida, rasgou o bordado da sua rival em mil pedaços e, em seguida, transformou-a numa aranha para todo o sempre...

(Lenda Mitológica Grega)


domingo, 11 de junho de 2023




*Subterrânea persistência 

Prenhe de tudo o que existe,

Na absoluta perfeição,

Das peças desconexas

Do puzzle desfeito.

Intimista expectativa, 

Reflexo em perspectiva

Num espelho.

Alter ego, difusa imagem, em abismo,

Justeza mais que imperfeita.

Sem mácula, 
dona de todas as máculas,

De tudo o que seja e não seja.

Possível e impossível, infinitamente eterna

Alternativa imutável,

Além de todos os universos

Paralelos, convexos, centríptos,

Reflectidos em mil pedaços

De mil espelhos estilhaçados.

Como sequer vislumbrar-me

Ou até  adivinhar-me neste segmento

Micro que em átomos se ilude?

Mera fantasia, observador alheio,

Vácuo variável entre constantes e partículas.

Como entender toda a trama tecida,

Em camadas sobrepostas, coladas, separadas, 

Desde sempre indeterminadas,

Se nada mais existe além de um agora, 

Instantâneo ponto infinito,

Limitado no Espaço.

IIusão do
 tempo premente

Que faltou ou sobrou na mente. 

Uma espiral? Pergunto.

Que oculto esse, tão limitado à retina

Quanto ilimitado ao cérebro,

Repositório invisível entre impulsos e sinais.

Pura energia? 
Interpreto.

Busca canhestra, descuidada,  deslavada

Ou crente de um culto feito perfeito?

Como exumar esta ambição de diluição

Na essência que, partilhando-a, 

Me decompõe?

Humano equívoco ou justo desejo:

Poder, riqueza, beleza, amor, saber.

Conflito ou cura? Diversão.

E a conexão? Mera ilusão.

Primordial
aceitação, órfã 
dos limites

Em que mergulho mas nunca vislumbro,

Ébria da busca porque a finitude dos limites

Exaspera. Só ao despir da roupagem 

Terei alcançado a visão?

Da infinita justeza da nobre beleza,

Da significância impensável,

Da ordem total do caos,

Do sustentáculo entre miríades

Do que sou e do que  não sou, sendo.

A consciência? Pacífica luta, 

Equilíbrio em desequilíbrio, 

Permanência imanente, eterno conflito.

Loucura dos mansos remansos

De um rio que corre transpondo as margens 

De águas revoltas, mordentes, do sol ao sal, 

Sedentas de um só oceano, 

União de horizontes e marés,

Observado observante e et
erno expectante,

Criadora criatura, p
edra de toque, 

Contentor sem conteúdo, apenas contido.

Vida, energia, ciclo, pura essência,

Eterna potência, amor contraste,

Desamor em tons de branco,

Múltiplas cores, frequência, 

Melodia, eterno sussurro...

Chamamos-lhe Amor? 

Chamamos-lhe Vida?

Chamamos-lhe Caos ou Energia?

Chamamos-lhe Deus? Perfeito Imperfeito.

Arakné



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