O Mito de Arakné (antiga lenda grega)


Entre os deuses que habitavam no Olimpo reinava Atena, deusa da Sabedoria e de todas as Artes... A bela Arakné era uma extraordinária bordadeira, cujos trabalhos maravilhosos eram admirados por todos os que os contemplavam:

- Que mãos preciosas tem!... que harmonia de cores!... que obras de arte!...

Tais elogios envaideceram tanto Arakné, que um dia exclamou:

- Se eu desafiasse a deusa Atena tenho a certeza de que ganharia!

Logo as ninfas do bosque correram a contar as suas palavras à deusa que, enfurecida pela afronta, logo aceitou o desafio... No dia marcado, Atena executou o seu bordado com muita arte e empenho mas, quando terminou, percebeu que a obra de Arakné era realmente muito mais bela que a sua... Enraivecida, rasgou o bordado da sua rival em mil pedaços e, em seguida, transformou-a numa aranha para todo o sempre...

(Lenda Mitológica Grega)


quinta-feira, 6 de setembro de 2018

Gostava do deslizar suave de brisa fresca dos teus dedos
nos caracóis revoltosos dos meus cabelos...

Sempre num limbo etéreo
como no eterno refúgio de um sonho
que invado,
onde me encarcero
em cadeias de ouro e marfim
preciosas como fortalezas,
que me desvelam dos olhares
e me acompanham em melancolias...

Nesta natureza agreste de ferida aberta,
derramando sangue vivo
e sonhos coloridos 
em paletas de arco íris
e impossíveis,
fantasias indiscretas e impúdicas
envolvem-me em laços atados
e conspirações íntimas...

Oh! quanta loucura habita
a minha cela forrada de azul e nuvens,
com paredes de frente para o por do sol,
cheia de luas desmaiadas
em desespero e gritos...

Oh! quanta intensidade se desmanda
nas notas de uma melodia,
em acordes nas loucuras de um abraço
que afago ternamente...

O excesso que me compõe 
em sensibilidades jaz quase sempre beirando
uma explosão...

Nesta sensualidade viva, que de tão dolorosa
me grita arrepios e mel, me encarcero
louca, por trás das grades semirígidas,
com portões de sonhos
e janelas de evasões de ilhas remotas...

Num pôr de sol sem rumo
alguém tocará este porto
que nunca a si mesmo se entende,
mas que acolhe marés vadias
e alimenta marinheiros perdidos 
em demanda de vida?

O sol que se oculta para além das águas
e dos horizontes
rasga tumultos nos meus seios salgados,
curtidos numa maciez tenra,
expostos,
tal como as brisas curtem maresias
que me acariciam o rosto num calor de ternura tépida
prenunciando ocultas tempestades,
violentas trovoadas, rudes do tanto querer
que me invade o ser...

Corpo meu, meu ser
feito de cios, de ternuras e lutas íntimas, 
resumindo batalhas
de quereres e não quereres...
Arakné

1 comentário:

Unknown disse...

E ao deslizar os meus dedos nos seus sedosos cabelos com todo o meu carinho, sentia uma felicidade enorme, semelhante a quando afago os meus netos.