Quanto azul naquele mar 
que hoje buscámos,
prateando brilhos
entardecidos
no declínio indolente
do por de sol, 
embriagados os dois
pelo licor
do fogo poente...

E foi o sorriso húmido
no olhar.
E foi a carícia das nossas
mãos quentes.
E foi a emoção. 
E foi a saudade
da tarde antiga.
Daquela magia
hoje recordada
que foi o teu beijo...

Por onde andámos,
meu amor, 
de tanto tempo?

Por onde a alma
daquela paixão 
que então nos vencia
pelo desejo, na tarde
secreta? 
Esquecida de ti,  
perdido de mim,
tão longe de nós,
por onde andámos, de passos
perdidos?

Meu amor, meu amor
de antigamente...
Amor de areia escorrendo de nós,
a recordar as noites
em que, vestidos de lua, 
desnudo o concerto
infinito das estrelas,
bebemos a vertigem
no amor que então 
fizemos, meu amor, 
meu amor do sol poente,
por onde?

Meu amor,
das horas tão loucas,
amor dos segredos
espalhados na areia
de antigamente...
Por onde andámos,
perdidos de nós
por tantas eras? 

Por onde esquecemos
este nosso amor
de tantas vidas?

E dos nossos beijos?
Desses beijos que hoje
ainda tiveram
o mesmo sabor............
Arakné