Surge o dia

que se estende sob

uma forma inerte

e deserta como um fóssil

na solitude fatal

de um eterno

retrato de ti,

que vive das minhas veias

pulsantes...

as marcas

escarpam-me na rocha,

traçadas

nos sulcos da lava escorrida

de nós,

por elas te ergues

lento, e eu vertical

no rumo inacessível

do penhasco...

o azul é celeste,

por onde

revoluteiam planuras

de águias,

e eu faminta e a sede

(a)mordente e quente,

por mim, em ti,

no esteio fatal

do destino, traçando

a estrada

de um descaminho cruel,

que nos assola os passos,

impiedoso...

vens da calada da noite,

da paz do dia

adormecido,

da lágrima rolada,

esmagada

da saudade queixosa,

e quando te vais cercas-me

da hipótese

fatal de nunca mais...

arde-me cinzenta

a ferida,

queimaste-te

vivamente,

imolei-me eu em ti,

descaio inerte no sono

que desespera do laço

que o amor tardou...

Arakné