O Mito de Arakné (antiga lenda grega)


Entre os deuses que habitavam no Olimpo reinava Atena, deusa da Sabedoria e de todas as Artes... A bela Arakné era uma extraordinária bordadeira, cujos trabalhos maravilhosos eram admirados por todos os que os contemplavam:

- Que mãos preciosas tem!... que harmonia de cores!... que obras de arte!...

Tais elogios envaideceram tanto Arakné, que um dia exclamou:

- Se eu desafiasse a deusa Atena tenho a certeza de que ganharia!

Logo as ninfas do bosque correram a contar as suas palavras à deusa que, enfurecida pela afronta, logo aceitou o desafio... No dia marcado, Atena executou o seu bordado com muita arte e empenho mas, quando terminou, percebeu que a obra de Arakné era realmente muito mais bela que a sua... Enraivecida, rasgou o bordado da sua rival em mil pedaços e, em seguida, transformou-a numa aranha para todo o sempre...

(Lenda Mitológica Grega)


terça-feira, 10 de setembro de 2013

*Plúmbeas nuvens escorrem
em exuberantes tempestades,
sem arca ou Noé, sem fim a salvo,
ou porto seguro, 
sem casais de animais, 
nem pombas de bico e oliveira de paz, 
ou trégua acenando, branca,
sem a terra para sempre firme,
prometida e achada, 
onde os justos pecam às vezes
e os de sempre pecam sempre
as suas santidades...


A inalada maresia da ilha,
empurrada pelo vento forte,
desvia-nos da estrela do norte
em busca dos rumos perdidos, 
no olho dos tornados dispersos, 
que abalam as rotas calculadas
a compasso, os azimutes
e os astrolábios em beijos fractais,
furacões fictícios e zénites,
vagueiam soltos os ventos
e abrem portais e dimensões 
de Pandoras em caixas cerradas...



E tu e eu e nós e todos,
caídos e levantados,
por terra, enjoados e perdidos,
descobridores de mares,
ancoramos sedentos em baías calmas,
de onde, de súbito, saltam
do mato avistado
as setas arremessadas
e a mente e os gestos tortos
vergam-se-nos, enviesados,
e por fim, da terra ou da água,
surge-nos um destino, caminho abismal...


E a nunca tentada rota
é o vazio, o coral, 
o barco afundado,
o silêncio mortal,
a paz, a bolha do ar que sobe
à superfície, o azul,
um raio de sol esbatido
no casco da nave, fatal,
a eternidade em fiapos
na mesa de alguém, ao jantar,
e o rumo de novo à terra,
à ilha perdida e ao mar...
Arakné

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