*Reacende-se-me o finito ilimite 
que me supera agreste,

cola-se-me a irrealidade
com suavidade e doçura,

num toque sedoso de ócio solitário.

A alma, eterna passageira da fantasia,
acerca-se-me em descuido, 
de laços desapertados,
que se cruzam inconsistentes,

e veste-se-me de suspiros entrecortados.

Perfigura-se-me num traçado esbatido,
desenhado a carvão, 
um esboço de retrato, meu, 
e observo-me, curiosa, na incerteza do papel:

 espaços, pontos e traços, espaços.

Esquisso sombreado a sanguínea e grafite,

denunciam-me as rasuras,
vermelhas e negras, 
os borrões inapagáveis do olhar, 
gritantes, logo volatilizados.

Entre sombras e luzes, contrastes,
brilhos, perspectivas, laivos fugidios 
de um ténue pranto, esbatidos salpicos, 
enternecimentos, expectativas, algo de insanidade, 
amarga sangria, só adivinhada... Eu!

Arakné