O Mito de Arakné (antiga lenda grega)


Entre os deuses que habitavam no Olimpo reinava Atena, deusa da Sabedoria e de todas as Artes... A bela Arakné era uma extraordinária bordadeira, cujos trabalhos maravilhosos eram admirados por todos os que os contemplavam:

- Que mãos preciosas tem!... que harmonia de cores!... que obras de arte!...

Tais elogios envaideceram tanto Arakné, que um dia exclamou:

- Se eu desafiasse a deusa Atena tenho a certeza de que ganharia!

Logo as ninfas do bosque correram a contar as suas palavras à deusa que, enfurecida pela afronta, logo aceitou o desafio... No dia marcado, Atena executou o seu bordado com muita arte e empenho mas, quando terminou, percebeu que a obra de Arakné era realmente muito mais bela que a sua... Enraivecida, rasgou o bordado da sua rival em mil pedaços e, em seguida, transformou-a numa aranha para todo o sempre...

(Lenda Mitológica Grega)


domingo, 16 de junho de 2013

O meu desejo 
tem a forma de uma linha
curva, 
levemente espiralada,
torneada de volúpia,
revoluta, 
trepadeira insinuante...

O meu desejo enrola-se,
cálido, nas colunas nobres
de uma mansão,
em ruínas,
com o seu pátio antigo,
onde esvoaçam folhas secas
e se esfiapam segredos,
em murmúrios
de outono...

O meu desejo abandona-se
a si próprio,
esgota-se nos escaninhos
onde se perde,
escoa-se nos vazios
internos e, numa gruta secreta,
submerge...

O meu desejo resume-se,
dividido, à esfera oca 
e à flauta de cana,
tocando entardeceres,
desatando rios de fluidos,
nas noites de sede
viscosa, inesgotável,
inatingível,
eternamente insaciável...

O meu desejo parte,
nas manhãs, célere,
pela margem dos corpos,
derrapando correrias,
no sulco da trilha sonora
de uma música interminável,
irrepetível, 
da minha fantasia...

O meu desejo
aporta num soluço
de paz ou de recomeço,
de saciedade ou de luta,
sem tréguas,
numa fusão que o esgota,
na plenitude
e suprema completude...
Arakné

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