O Mito de Arakné (antiga lenda grega)


Entre os deuses que habitavam no Olimpo reinava Atena, deusa da Sabedoria e de todas as Artes... A bela Arakné era uma extraordinária bordadeira, cujos trabalhos maravilhosos eram admirados por todos os que os contemplavam:

- Que mãos preciosas tem!... que harmonia de cores!... que obras de arte!...

Tais elogios envaideceram tanto Arakné, que um dia exclamou:

- Se eu desafiasse a deusa Atena tenho a certeza de que ganharia!

Logo as ninfas do bosque correram a contar as suas palavras à deusa que, enfurecida pela afronta, logo aceitou o desafio... No dia marcado, Atena executou o seu bordado com muita arte e empenho mas, quando terminou, percebeu que a obra de Arakné era realmente muito mais bela que a sua... Enraivecida, rasgou o bordado da sua rival em mil pedaços e, em seguida, transformou-a numa aranha para todo o sempre...

(Lenda Mitológica Grega)


sábado, 27 de abril de 2013


*Um vento devastador
varre a página branca
do poema,
num fluir de sentimentos
que rodopiam
e verdes folhas...

Escuto os ecos
da tempestade nocturna
ou os sorrisos matinais
de sol e luz,
que por mim desaguam
num rio,
que tanto arrasta
em fúria as emoções,
como escorre, em suave remanso,
pelas pequenas baías
da minha alma...

E assim perduram
as eternidades
da minha existência
no sentido infinito ou efémero,
que me move...

Doem-me os despedaços
de amor que retalham
este bosque misterioso,
todo manchado de sombras
e luzes trémulas,
como a estranha paleta
de um louco pintor...

Alcanço, às vezes, a claridade
que escorre pelos troncos duros
e pinga das ramagens tenras,
salpico-me com verdes
e cânticos de aves azuis,
tacteio-me, num deslumbramento
que me cega e me perde
do trilho seguro,
para adiante me reencontrar
num desnível de troncos caídos
onde tropeço e me sento...

Envolvo-me no ar frio da manhã,
penteio-me de raios de sol,
que entrelaço de recordações
e musgos,
ou diluo-me em mágoas,
quando o sol inunda a tarde
ou o crepúsculo me revela um caminho
descalço e solitário, entre fetos...

Sempre o trilho que percorro
se enleia em raízes aéreas
ou se aprofunda em ramos,
que desembocam em lado nenhum...

Balanço-me entre as aragens
e perfumes, que só a mim chegam,
da floresta oculta em que vagueio só
e comprazo-me, dolorida,
nessa demanda...
Arakné

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