*Na minha solidão

povoo-me

de sonhos impossíveis,

inadiáveis questões,

oportunas decisões,

inatacáveis soluções,

com tempero de fantasia...

Na minha solidão

faço poesia,

rio-me de mim,

enredo-me em dores

imaginadas,

e travo diálogos sem fim...

Na minha solidão

deixo-me invadir

de cores e palavras,

de música e de valsas,

que nunca dancei,

e rodopiam em mim...

Na minha solidão

navego oceanos,

que desconheço,

descubro ilhas

e remotas paisagens,

que desenhei...

Na minha solidão

sou a nuvem e o vento

em que se transporta,

o barco e a onda

que o navega,

o sol e a sombra

em que se oculta...

Na minha solidão

sou o que me ocorre,

a noite e a lua

em que se desfaz,

a estrela e o fogo

que a consome,

o nada e o tudo

que me permito...

Com a minha solidão

navego em cruzeiros,

aporto outras ilhas,

esfarrapo neblinas

mas sou-lhe fiel, 

sempre...

Arakné