As horas escoam-se em mistérios

todos eles feitos das carícias

e as mãos deslizam hesitantes

detêm-se suaves nos meus beijos

e no aflorar doce dos desejos

em emoção confusa descobrimos

de um e do outro marés quentes

em ti ondas enchentes prateadas

em mim marés vazantes rendilhadas

escorre-nos a felicidade nos momentos

absurdos e cegos neste ensejo

de desmaio no momento do prazer...

De onde vens por onde andámos

que agrestes ventos e tempestades

assolaram a barca em que seguíamos

que ondulações fortes e intensas

nos aportaram um no outro e nos abrigam

ocultamos-nos e aqui nos confundimos 

no rolar das horas escassas e arenosas

amantes dos sonhos que nos vestem

e despidos de tudo além da alma

os corpos extenuados do desejo

estranho violento inebriante

desfalecem na doçura deste abraço

cientes de que tudo está de fora

e aqui na intimidade deste espaço

a vida se resume a este amor...
Arakné