O decorrer atento dos meus dedos
segue na margem o teu rio louco
o fluir evasivo da minha boca
ocorre no percurso da tua selva densa
a palma firme da minha mão
dança na chama da tua fonte ardente
o roçar arranhado da minha carícia
exalta fúrias no teu tempo intemporal
onde olvidadas já outras remotas eras
no mapa esboçado das veias latejantes
me apodero do segredo que te perpassa
todo ele mistérios de estrelas e fogos fátuos
dançantes em chispas de arco íris
irisadas flamas partícipes deste concerto
criadora e criado unidos em caótica fusão
do prazer do cósmico acto de que se nasce
no gozo uníssono da comunhão febril
selvagens sombras galopam na margem
como cavalos desenfreados trementes
da ânsia de liberdade no ímpeto gritado
trocamos os íntimos rios selvagens
que fluem do nada que somos cada um
para o mistério do todo duplo alcançado
e deslizamos o amor de nós para o tudo.
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